Sunday 18 January 2015

Há carros com alma, mais que alguns seres ao que parece (e custa-me muito o dizer) / A long overdue homage to a "Viking Warrior"

This post is in Portuguese for the most part as it is aimed more for those readers than others. Nevertheless you may enjoy a picture of a vehicle that lived a full life, in perfect health and mint condition, that died a hero's death. 

(It went up in flames on a road in the middle of the wilderness
in the soulful heartland of Portugal's Alentejo ♥ )

- The three of us that were in it jumped out and helplessly stood witness to the end of a myth.

It now roams (with its majestic, silent roar) on the lofty plains of Valhala, or more appropriately even
the forever rolling drifts of sand, mountains, forests and grasslands of
The Celtiberian Heavenly Planes of Hispania

(- wherever that may be)




"Coisa Azul" - (1985 - 2008)














There is also if you should so wish to hear (at the bottom of this post), a rendition of a fado with lyrics translated "à la lettre" as requested by the pianist who, not being fond of playing on non-acoustic instruments, performed on a "toy" as he called it.  Unwittingly when we agreed to use it in our repertoir to inaugurate a friend's new venue (in the Alentejo region of Portugal), it seems to ironically foreshadow the event that was to occur.  The only time we had ever played the piece, it had been agreed upon and arranged by phone, the other musicians on the saxophone, double bass and drums, were to be informed there "in loco". It was performed later in the evening after «Coisa Azul»'s demise. 
After a long "life" in prestine condition, he just burst into flames. It was a funeral pyre, and a majestic farewell.
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Apesar de sempre ter concordado com alguém que já cá não está mas que se mantém bem vivo, e amado, no meu coração, que um carro é um electrodoméstico, digo, há objectos neste mundo que têm um carisma e uma força que de facto os faz atingir outros níveis de existência. Sente-se e repara-se quando estão presentes.

Este artigo vem a propósito das medidas anunciadas pela Câmara de Lisboa, capital do país, que cada vez mais mostra que não é para os que são deste país, nem tão pouco para os Lisboetas (nos quais eu me incluo, tendo, da parte de minha mãe, várias gerações de Alfacinhas).


Com tanta austeridade, os bolsos da maioria estando mais leve, muito mais leve, não se entende.
Com tanto zelo, e acho muito bem que o haja, nas inspecções para verificar entre outras coisas as emissões que saem dos carros, não entendo.
E mais, com tanta multa, e no valor que é praticado, para obrigar os cidadãos circularem com carros que respeitem os valores exigidos, uma medida aplicada de forma tão incoerente e anti-pedagógica (é o mínimo que se pode dizer, e é coisa que não ocorre em Lisboa, mas em todo o país).
Para ser útil tais multas, nenhum sentido faz ser de 250€ aplicável logo a partir do dia da matricula (e não mês, como não muito atrás ocorria), e cada vez que é parado, independentemente ser apenas horas depois até.
Se real vontade houvesse em zelar pela nossa segurança circular, quer a nível mecânico, eléctrico, chassi ou respirabilidade do ar de todos nós, nem que seja através da técnica "pedagógica" da aplicação de multas, nunca assim seria feito. Quanto muito, para mais nos dias de hoje, tão "ciberóinformatizados" em tanta coisa que nem lembra o diabo, dariam um aviso (com registo informático, quando escrevessem nos seus computadores de bordo, a matricula) na primeira semana, por exemplo, multa de sei lá.., 30€ ou assim para a segunda semana, indo até aos 250 ou mais, sei lá.. conforme passar o tempo ou ser o "n" aviso registado, com ou sem multa prévia aplicada, ou mesmo uma apreensão se o veículo tiver 5 avisos ou mais de um ano após a última data de inspecção (tendo levado multas, avisos, ou não).
Da forma como é, apenas é uma caça à multa e nada mais.
Assim como o é esta medida parece-me absurda.

Parece-me absurda e digo porquê.
Para o fazer, coloco aqui o diálogo que ocorreu entre pessoas num "post" numa rede social (fb), de uma pessoa amiga. Como o "post" está visível para o público em geral, deixo também uma ligação para poderem aceder directamente à fonte original de tal diálogo.






LIGAÇÂO - FB

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Esta medida é inaceitável por ser altamente discriminatória relativamente aos que menos podem.
Compreendo, perfeitamente, que são os gases dos veículos que mais poluem o ar nas cidades, mas para impedir que isso aconteça, dever-se-ia barrar o trânsito a todos os veículos, do género calendarizar por matrículas, e não apenas àqueles cujos proprietários terão menos posses!
Por outro lado é bom recordar que um veículo antigo não é sinónimo de ser velho, porque pode estar em 
belíssimas condições de circulação, sendo até vistoriado obrigatoriamente todos os anos!
Haja o bom-senso de voltar atrás e não beneficiar os que têm posses para trocar de carro mais frequentemente.


A Câmara de Lisboa diz que a fiscalização vai ser feita de forma "aleatória" pela PSP e pela Polícia Municipal.
PUBLICO.PT
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  • Fernando Seabra Eu iria até mais longe e proibiria todos os que tivessem sido fabricados antes de 2022, ambulância, autocarros, carrinhas dos carcanhóis, incluídos.
  • Fernando Seabra Andem de bicicleta, motores eléctricos, o que entendam, mas não lixem mais esta merda.
  • Margarida Costa nem sei para que é que se dá importância, ao ponto de no espaço de uma semana se autuar com duas multas (de pequeno valor como se sabe) enquanto se trata de uma inspecção do veículo que por vezes no mesmo mês terá saído da validade da última.. é o reino do bom senso, pois.
  • Pedro Tiago Não se aprebde com os outros países. É o problema deste mundo, é tudo muito fechadinho. A internet parece que não ajudou muito também mas isso é outro tópico. Porque não se distribui o alfabeto por 5 dias e depois as matrículas que começam por essa mesma letra nesse dia não entra ou vice-versa. Distribui assim igualmente o número de carros proibidos sem discriminar. Só uma idéia..
  • António Fernandes Lourenço Não concordo consigo,Carlos Araújo , certamente tem essa posição porque tem um veículo mais antigo? Seja razoável, é por estas e outras que ninguém se intende, prefere o AR envenenado?
  • António Fernandes Lourenço Porque não faz como eu que ando a pé e de transportes públicos. A saúde em 1º lugar, ou prefere as doenças respiratórias e o cancro? Basta de egoísmos!
  • Margarida Costa Lamento, mas não podia discordar mais com os dois anteriores comentários. Para quê então a palhaçada com as inspecções? No meu caso, tenho um zelo que não imagina com as emissões que saiem do escape do meu veículo. Se ao transportar-me para trabalhar tenho de levar equipamento e regressar em horas de escassos ou nenhuns transportes, mesmo que tais equipamentos não tivesse, teria de apanhar um taxi? Um profissional da música que tem de esperar horas após sair tudo de uma sala de espectáculos ou teatro tem de se sujeitar a ver o seu cachet já diminuto ainda mais ínfimo? Pagar para trabalhar? Sugeitar-se, mesmo que sem equipamento a sabe-se lá quê andando sabe-se lá até onde para apanhar um taxi, ou se viver a quarteirões da local do evento, a pé?? 
    E vivendo fora de Lisboa em tais situações? E outras profissões que por motivos semelhantes ou outras tenham a mesma dificuldade? E, no caso de assistir a um evento das artes performativas (bailado, concerto, teatro), ainda menos assistência porque acabam os transportes e o carro, apesar de estar menos poluente que muitos transportes públicos com que me engasgo quando atrás deles ando, e que ia levar um ou mais pessoas já não pode ir? 

    Com cancro do Pulmão morreu meu pai, algumas (felizmente poucas) alergias, e, conforme a poluição, asma tenho de quando em quando. 
    Não imagina a irritação que tenho quando tanto zelo tenho com o meu carro, para que as medições sejam mais que aceitáveis quando o meu carro é inspeccionado, tenho de levar com "n" carros, a deitarem fumo negro.., engasgando e fazendo me desesperar por vezes, e com menos de 15 anos, alguns até tão "novos" que nem levam com inspeccão todos os anos!! Quem me paga a mim por ter de respirar a porcaria que me obrigam respirar?! 
    Repito, para quê a palhaçada das inspecções? 

    Não há sensatez nenhuma. Nenhuma. 
    Egoísmo é, isso sim, não pensar nas pessoas, é não pensar.
  • Zé-António Pimenta de França Ao senhor António Fernandes Lourenço: está a ver mal o problema. Sublinho que medida não me afecta, vivo a 300 quilómetros e quando vou a Lisboa vou de comboio e ando de táxi.
    Esta medida representa uma discriminação intolerável e estou plenamente convencido que é por isso inconstitucional. Uns - poucos - terão dinheiro para trocar de carro. Outros não têm e verão a sua mobilidade severamente diminuída. 
    Quanto ao andar a pé, para muitas pessoas não é possível... Quem trabalha com o carro vê a sua situação laboral piorar por não o poder utilizar. Quem tiver um carro antigo e tiver que levar um familiar doente ao hospital ou a uma consulta, levar ou buscar um amigo ou familiar ao aeroporto ou ao comboio, um filho à escola, não pode usar o carro.
    As empresas, tão sobrecarregadas de impostos e a lutar por sobreviver num mercado anémico em que é cada vez mais difícil vender, têm sérios problemas de liquidez e não dispõem de crédito - ou não podem recorrer a ele - para renovar as suas viaturas de serviço.
    Esta é uma medida que ataca mais uma vez a classe média, já de si tão sacrificada por este governo, situação que a medida de António Costa e da Quercus vem piorar ainda mais...
    E as pessoas que têm carros antigos restaurados e primorosamente conservados? Nunca mais podem sair com eles à rua, ficam proibidos de circular. Há uma excepção para os carros de colecção, que podem circular. Ainda bem, mas isso só reforça o carácter discriminatório da medida: os carros antigos de ricos podem circular, enquanto os de remediados ou pobres não podem, mesmo que estejam em óptimas condições...
    Resumindo e concluindo: isto é uma arbitrariedade e um abuso! Se os carros estão em boas condições mecânicas, cumprem todas as regras de segurança, pagam o imposto de circulação e têm toda a documentação em regra, então é ilegal impedir a sua circulação. A Câmara de Lisboa não pode ser mais exigente que a República Portuguesa nem se pode sobrepor à legislação vigente. Lisboa não é outro país, é Portugal - e os lisboetas não podem ser penalizados desta forma. É uma discriminação intolerável... 
    Finalmente, a única maneira de desincentivar as pessoas a abandonar o carro particular é oferecer-lhes um sistema de transportes públicos eficaz, e barato...
  • Margarida Costa Re-li o que escrevi e peço perdão pelo tom de irritação lá contido, não é para com ninguém em particular. O assunto de facto irrita-me, e quando se mete assuntos de pulmões, tendo a ficar emotiva por vezes, já tive de encostar o carro na auto-estrada, fora de Lisboa, por causa da qualidade do ar, com um enorme ataque.. sabendo pela TSF só mais tarde que os índices perto de Loures, quando ia entrar em Lisboa via A8, estavam nessa tarde a níveis tidos como "perigosos" ..obviamente mal sentindo sintomas, nausea e arrapios.. antes de começar a falta de ar, tomo atenção.., naquele caso encostei com segurança e esperei que tal chatice passasse (felizmente muito raramente tenho ataques de asma, mesmo muito raramente, tirando uma época que nada tem a ver com poluição.. enfim. 
    E tendo feito muita actividade física na minha juventude até tarde, para além da profissão, tenho uma função respiratória muito boa, não me posso queixar.. apenas quando o raio da reacção alérgica.. me finta). No caso do cancro do pulmão que referi, também nada teve haver com veículos.. 

    Tenho um Toyota (carrinha), nem sei bem se é de antes ou depois de 1996, é um carro muito especial para mim, já me safou num accidente que se tivesse sido num carro mais moderno, mas de outro tipo, não sei se cá estaria, pois bateram-me entre a minha porta e a de trás do meu lado (condutor), por dentro nem se nota, e aguardo o bate-chapa lhe restituir a chapa amolgada ao seu anterior estado.

    O comentário anterior anterior a este meu, é muito bom e mais útil que o meu (a meu ver), pois refere aspectos que não falei. 

    Boa noite, a todos.
  • Carlos Araújo Alves Por estar preocupado com a gravosa poluição que os veículos automóveis produzem no ar que se respira nas grandes cidades, sou de opinião de que se deveria investir no transporte público e em parques de estacionamento nas zonas limítrofes para depois se poder reduzir a a liberdade sa circulação automóvel, resguardando sempre as excepções necessárias para serviços e descolações de emergência.
    Não posso, demodo algum, pactuar com discriminações que penalizem cidadãos com critérios de riqueza! Isso é uma abjecção inqualificável.
    Quantos carros que tenho e de que ano de fabrico são, António Fernandes Lourenço, peço desculpa mas é assunto que só a mim me diz respeito por não ser relevante para a formalização da minha opinião.
  • Margarida Costa .. e ano após ano o que se verifica é o "desinvestimento" no transporte público, nos últimos anos até a um nível acelerado que nunca visto. Onde está a sensatez como perguntei antes? Vou até bem mais longe (embora não seja muito mais), nos anos 80 havia não só muito mais transportes públicos, muitíssimos mais, como circulavam até (caso da linha de Cascais, por exemplo, e na altura o equipamento necessário musical, para ir para o conservatório, ou para o HCP, por exemplo, na altura, já fazia com que não fosse fácil para uma lingrinhas que por muita força tivesse muscular, era lingrinhas, bom, mais ou menos lingrinhas.. conforme se definir "lingrinhas") - dizia que circulavam, até às 3 da manhã, para retomarem às 5, e dizia que havia muitos mais transportes, de lá ou de outras zonas. 

    Ainda não me inteirei, não estou suficientemente informada, sobre esta proposta que me parece deveras absurda, para saber se há excepções, para quem como eu, depende do veículo para trabalhar, para me transportar a mim mais a necessária parafernália para exercer a minha profissão (de há trinta e quatro anos), ou transportar outros mais a devida parafernália deles.. a nível nem que seja de horários de implementação, por exemplo. Mesmo que as hajam, conforme (no meu caso, mais uma vez, pois é o que melhor conheço para referir), dizia, que conforme o evento/concerto/peça/bailado/filmagem.. o "sound-check" pode estar marcado, e por habito o é, para horas bem afastadas de tal evento, aí dependendo de muitos profissionais de especialidade diferente, técnicos de som, etc.. 

    Esta medida é, por todos os motivos mencionados por mim e por outros, aqui neste 'post' assim como noutros locais, tremendamente imbecil e insensata. 

    Como disse, já estive muitíssimo enervada (e não só) devido ao escape de carros novos, não só veículos com menos de 15 anos, mas com 2 ou 3 anos que nem têm de ir anualmente às inspecções. 
    Sem carro, não trabalho, e recuso-me a trocar o meu se verificar que é de 1996 ou antes (acreditem que não sei bem.. sou um pouco despistada para essas coisas, ao contrário do zelo que tenho com o cumprimento do que é preciso para o carro passar na inspecção - no que toca a emissões então.. ui), dizia recuso o absurdo de me obrigarem (a escolha tem de ser minha!) a trocar um carro em que confio, é seguro, já me salvou a vida quando me bateram e sei que se tivesse num carrito mais novo, mas de outra natureza, já cá não estava.. E pior, muito pior que isso, não poderia ir ter com quem me aguardava com garrafas de vinho, petiscos, e bolo de anos.. 
    O meu carro, onde me sinto segura, que não é poluente como tanto transporte público (dos que cada vez menos que há) que apanho pela frente, ou tal como outras pessoas tendo carros que cumprem bem melhor os regulamentos referente a emissões que alguns que circulam com carros desta última década.. , dizia, o meu carro - escolho eu! 

    Mesmo que o senhor António Costa me queira oferecer um carro para a troca, não sei se alguma vez é capaz de escolher um carro que me faz sentir tal segurança. 

    Sim, já tive mais que um carro na vida, mas isso não quer dizer que não sou exigente em relação ao carro, ou a mim própria na forma como lido com ele. E mais, posso até me apaixonar por um carro, como qualquer pessoa que os vê, mas levar a sério, querer para mim, não.... nananannanana, é preciso muito, sim tem de nos conquistar não só pela beleza do veículo, mas por muito mais.. (tal como muitos de nós, naturalmente) 
    Um da década de 50, lindo de morrer, uma paixão, outro que até os polícias de transito paravam com pretexto de auto-stop, só para o verem melhor (que era o "brinquedo" de meu pai) e mais nada, nem documentos pediam, que teve um fim como um guerreiro vinquing.. no meio do alentejo; e o único que tive que até era novinho em folha, foi comprado por mim e meu cônjugo (que era corredor de automóveis) quando nos veio parar à mão (tínhamos pouco mais de 20 anitos, e com tamanho para transportar a sobrinhada toda, mas longe de ser o mais potente, anguloso ou até a nível se segurança o mais imponente embora não fosse mau. Poluía pouco, e era económico no consumo, lá isso era)

    Boa tarde, Carlos, e a todos
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  • Carlos Araújo Alves Sobre o desinvestimento no transporte público, Guida, é o espelhar do respeito que o poder tem pelos cidadãos que menos podem, também.
  • Ricardo Joao Viana Serrano Gostava só de referir que as leis sobre emissão automóvel foram evoluindo, os carros actuais possuem tecnologia que lhes permite reduzir drasticamente as emissões. O que deveria ter sido feito era criar dispositivos para adaptar os carros mais antigos com esses catalisadores e que estes estivessem disponíveis por quantias razoáveis.(conheço quem tenha feito essas alterações mas a custo irrazoavel) . Claro que a indústria automóvel assobia para o ar, o interesse de vender novo é óbvio.
    Parece-me que há aqui muitas premissas que não estão a ser debatidas. 
    O problema de saúde pública é grave, já vivi em Londres e o sistema é mais democrático, paga-se taxa para andar no centro qualquer que seja o veículo. Além de que os transportes funcionam...
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Deixo também ligações que falam de tais medidas:

(ligação que contém um mapa das zonas com proibição - fonte CML) - http://www.cm-lisboa.pt/fileadmin/VIVER/Mobilidade/ZER/ZERLisboa_3fase_flyerA5_janeiro2015.pdf



(outras ligações)

http://www.cm-lisboa.pt/viver/mobilidade/zonas-emissoes-reduzidas

- https://www.facebook.com/photo.php?fbid=396340637208357&set=a.180122178830205.1073741825.100004972714721&type=1 

http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2015-01-16-Policia-fiscaliza-zonas-restritas-a-circulacao-em-Lisboa






Só vos digo o seguinte, o carro que está na imagem acima, que trabalhava de origem a gasolina sem chumbo, que no seu país de origem, ao contrário do que muitos pensam todos na altura fabricados, tanto quanto saiba e me recordo, eram construídos consoante a lei que já estava em prática naquele continente desde a "crise com combustíveis" que tiveram e que me lembro tão bem, em meados da década de 70.  Em 1985 já pouquíssimas bombas de gasolina forneciam combustível para carros de combustível com chumbo.
Aquele Ford para além de poluir pouco, como era obrigatório na altura de sua construcção (e foi o último ano em que aquele modelo "clássico" foi construído), tinha um motor que nunca mais acabava e já se sabe, músculo. Poluía menos que muitos carros bem mais recentes de outras paragens, e até o seu épico fim, sempre foi uma estrela nas inspecções, não só a nível da mecânica etc, mas a nível das emissões que lhe saiam do escape.

Tinha, isso sim, para gastar menos combustível, agarrar mais à estrada (sendo de tracção atrás), trepar tudo ainda com mais garra e velocidade (tendo que se ter cuidado com a dita), tinha de estar carregada com uma carga com peso de jeito, quanto mais, mais correspondia à sua real capacidade.

Enfim, já não há daqueles.
Não há, mas há outros, nipónicos, francófonos, o que for, mas que certamente deverão ser avaliados não pelo ano, mas pela condição em que se encontram, e em todos os sentidos.


O último comentário no diálogo que acima coloco, é de salientar (não é só este, mas este é muito significativo, muito mesmo)

Deixo agora algumas ligações, para quem quiser ver algumas coisas sobre a história da forma que em alguns locais se fez em relação à introdução de catalisadores no fabrico dos veículos construídos (ou deixar que se alterasse à posteriori)


 1 - http://www.lead.org.au/Chronology-Making_Leaded_Petrol_History.pdf


2 - http://yosemite.epa.gov/R10/airpage.nsf/webpage/Leaded+Gas+Phaseout


3 - http://www.autolife.umd.umich.edu/Environment/E_Overview/E_Overview4.htm








Por fim vos digo, tudo, não só nós mas tudo, mesmo todas as lendas, têm o seu fim.


Éramos três, o carro levou-nos mais os nossos instrumentos, piano - eléctrico (naquele caso tinha de ser), mais bateria, malas, pautas, instrumento de sopro, stands, estantes, cabos, etc. em segurança e conforto, até ao destino, até ao seu destino.
(retomando o assunto inicial deste artigo)

Ia-se inaugurar e presenciar o nascimento de uma "nova vida", e etapa, de uma amiga querida.
Não adivinhávamos que na manhã seguinte ao sairmos os três de casa, onde tínhamos pernoitado, para chegar a algum ponto onde houvesse "civilização" para nos alimentar, iríamos ser parte presente de uma cerimónia marcada pela azulada criatura de aço.

Quando saltámos os três, com os poucos instantes que tínhamos para o fazer, da criatura (estranhamente parecia que o "Coisa Azul" aguentou, com a sua segurança que se lhe conhecia, até conseguirmos sair sãos e salvos e correr até uma distância segura), ficamos ali, na estrada, à chuva, a olhar, enquanto os bombeiros que nunca mais chegavam, pudessem comparecer, pois estávamos "atrás do sol posto", no Alentejo.

Aquilo mexendo connosco de tanta maneira, ali testemunhamos o último momento, o fim do "Coisa Azul" nestes reinos.

Enquanto as chamas, atiçadas pela chuva, e mais tarde re-atiçadas pelo chuveiro dos bombeiros quando finalmente chegaram e que inadvertidamente lançaram, sem repararem aparentemente que à chuva estavam, também eles numa espécie de feitiço (adoro e respeito bombeiros, e sei que sendo humanos, eles também por vezes se enganam.. Que dizer? Parecia que também tinham de fazer parte do filme, que por norma apagam mas que alí, atónitos, alimentaram as chamas sem querer, fazendo cumprir até ao brilho da chapa a função funerária auto-imolante, feito pira final, já sem tinta ou fosse o que fosse que se visse, restasse);
dizia, que enquanto as chamas conquistavam as suas azuis "carnes", e restantes entranhas, parecia que o Tempo (o tal escultor) se dividisse. Um tempo para as chamas, outro para os mortais.








(E fica aqui um registo, com letra traduzida "à letra" (tal como me tinha sido pedido anteriormente pelo homem do piano (tendo que usar um "brinquedo", como lhe chamava, e não um piano) na noite após a saída de cena do "Coisa Azul".  Tentando-nos abstrair do ocorrido, foi assim, uma despedida naquele momento em que se inaugurava uma nova etapa na vida de uma amiga, no Alentejo.)













Não, já não se fazem carros assim.












Boa noite, 

a todos.



1 comment:

  1. https://www.ramdass.org/seeing-humor-predicament/

    ...............indeed

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