Sunday 28 August 2016

Um artigo sobre focas, agentes, banhistas, fantasmas, nadadores, lencóis, miúdos, sobretudos, um casal e_____ e sim, um concerto







Imaginemos uma miúda de 12 anos, com um peito que de repente, de um momento para o outro fica descomunal.

Ela é nossa filha.

Pode também ser nossa neta, irmã ou sobrinha, ou mesmo uma mãe - sim, também o pode ser, pois se formos suficientemente adultos aceita-se que possam ter nossos pais os seus limites e/ou imperfeições, tal como nós, e os ver como ''pares'',
(embora nos continuem a eternamente merecer o mesmo afecto, admiração e respeito como tal que são, e como merecem, que na maioria dos casos, casos felizes, que se tem como habito assim ser, daí chocar quando não o é)  - que é por isso mesmo que se consegue assim os visualizar.





- vejamos então esse ser, com 12, com o amor que um filho tem por uma mãe, que se tem por uma filha, ou outro ser que se ame.


 Mesmo um grande amor não teve sempre a idade que se conhece quando se encontram pela primeira vez. Uma pessoa só de imaginar um cabelito fora do sitio porque se irritou ou magoou, ou alguém lhe quisesse, lhe tentasse, fazer algum mal, fica-se num estado que........

Sambemos o que é em miúdos, até, defender os que nos são queridos, quer família, quer amigos que se adotam como família.

Não são só os lobos que defendem a sua alcateia..

- vejamos esse pequeno ser, amado, com um corpo que num ápice fica com um grande par de mamas (e vou me abstrair da última parte que acabo de escrever, se não isto vira para o meu lado de humor tonto, pois não o consigo imaginar com mamas, a minha imaginação não dá para tanto..., quanto muito com as de outra pessoa, enfim, :) adiante..   - se não isto vira banda desenhada.. e..)





Ora vejamos então esse ser, filha (filha, para simplificar as coisas)

- com o corpo transformado de um momento para o outro, mesmo tendo esse ser uma cabeça especial, seja o que (ou como) for, não tem tempo de se ajustar a essa transformação.
Tem 12 anos e começa-se a tapar porque se sente desconfortável, com olhares indiscretos alheios que não entende mas, lhe serão desconfortáveis para a sua cabeça infantil que só conhece o olhar límpido e puro de seus pais, irmãos, e pares até então.
O mundo à sua volta, fora do seio familiar e dos amigos que possa ter, comporta-se com outro olhar.. Ela começa a tapar-se, a ocultar o que sente causador daquela coisa que não entende, aqueles olhares indiscretos que falam noutro idioma; não tapa a cara apesar de lhe causar por vezes, ainda, ficar um pouco envergonhada se lhe pedirem para pestanejar, começa, a tapar as mamas.

Quem, pergunto eu, entre nós, tem coragem de, com arma apontada, mandar despir?




imagen: Keren Su - LINK



















- a Burqa / Sobretudo    pode ter muitas formas.

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A miúda pode mais tarde vir a ter uma relação sã com o corpo, e desfrutar plenamente dos prazeres do corpo sem acanhamento, mas, se a tivessem forçado a despir, isso aconteceria tão facilmente?










Nos homens, posso não gostar de os ver de tanga nas praias, achando que nu, ou de calção mais bonito, mas isso é fazer do homem - objecto.
Objecto da minha vontade.

Se ele entende usar uma tanga, é com ele.

Não me passaria pela cabeça mandá-lo despir...
(... :)  , poderia pedir, embora por habito não precise tal coisa fazer. Se ele assim entende, despe-se, ou deixa-me despi-lo, conforme a ocasião..)





imagen: retirada daqui LINK











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E, agora, continuando na sucessão de ideias, recordo-me de um concerto há anos atrás, no grande auditório da Gulbenkian, do GMCL com o seu fundador e mentor - Jorge Peixinho e restantes que partilhavam o palco com ele. Foi um concerto onírico, belo.


Estávamos a vê-los a actuar. Ás tantas, no meio do som e execução viam-se algumas bolas de ping-pong a saltar pelo palco onde estava um piano de caúda (aberto), uma harpa, uma guitarra, violino, flauta, percussões, violoncelo, e quais quer outros do grupo (que a memória é imprecisa no que respeita exactamente a quais outros) num ambiente indescritível,
a cortina (e tudo que atrás deles estava) abre-se - e de repente, desvendado ante nossos olhos um casalinho de namorados, ali deitados no jardim junto às traseiras da grande sala cuja barreira final era de vidro (fiquei a saber :) ), e não a que habitualmente se vê, que é antes dessa..
Foi um momento difícil de descrever, que num ápice tornou-se no que poderia ter saído de algum quadro do Monet que se misturava com Lautrec ou Klimt.. (quiçá, com algo do H. Bosche ao mesmo tempo...), ainda mais onírico ficando, sem querer
(quiçá, por querer, o mentor antevendo ao ter pedido que se descortinasse naquele momento da obra, assim tudo até à barreira final da sala, que algo assim poderia acontecer, colocando a arbitrariedade do que não se controla na equação, pois assim funciona quem é genial, conhecendo bem o local, pensando que poderia ou não haver algo de acréscimo e não ser apenas uma visão simples (se é que seria alguma vez tal visão, ''simples'') dos belos jardins, que já seria em si no sentido da esperança (certeira, diga-se de passagem) de intensificar o momento, complementando e/ou completando a obra que se apresentava, pois com ele, e seus colegas, tudo seria de esperar)..
- Mas recordo-me, pelo caricato que de seguida  ocorreu e vou escrever,  e que creio que nem ele e seus colegas poderiam antever.




- A obra apresentando-se,
no momento ''x'' abrem-se as cortinas e retiram-se todas as barreiras para desvendar o jardim que está por de trás e vê-se o casalinho,
em namoros
- Sorrisos, e alguns risos a brotarem do público  (doces, meio de gozo meio de ternura, e tudo o mais.. mas ainda absortos e envolvidos na obra que se apresentava) ,  momentos depois chegando à cena um agente de entre a natureza que se via, que se debruçou junto deles, e lhes terá sussurrado algo.
- Levanta-se o casalinho, que dantes de cabeças juntas e nos braços um do outro contemplando o laguinho e restante natureza, se beijava, murmurando coisas entre eles   (tudo isto na duração de um ou dois minutos perante quem visse, inadvertidamente)  e, algo timidamente saem de cena por um lado, o agente por outro.., e segue o resto da peça.. 

   O público num misto de espanto, encantamento, cru por se sentir na veste de voyeur e ao mesmo tempo enternecido ao ponto do riso, e de seguida com o desenrolar da coisa.. ...    outros sentimentos, muitos, por solidários para com o casal, outros ainda estupefactos.., pois é difícil provar a indignação enquanto se sente tudo o resto embora isso também se revele, tudo isto enquanto a obra, de som e envolvência onírica, acabava...
                     
(isto para não falar da mestria na execução, que tal forma sólida, que não se dá conta à priori e se toma por gratuito, por tão nítido e agudo o conteúdo se apresentar, como é próprio de grandes mestres na arte) 





Que momento.





   (...que momento gigantesco)






 Nem sei, não se sabia, se o agente apenas mandou levantar e sair, se pediu - como quem avisa: ''olhe, acaba de se descortinar o grande auditório, que está cheio até a pinha, e tudo a olhar para vocês aqui, que não se apercebem da coisa, e eles também não sabiam.., pois foi furtuita a situação e... é só para avisar''. O mais provável seria a primeira hipótese, e seria bom que fosse a segunda..
Na verdade não sei. Não se ouvia o homem, e ele não aparentava nada de violento no trato, nem trazia arma que se visse. 











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Tantos falam das crianças, de espaços públicos e do que elas possam ver, como se o que `vêem, em si, é o Mal.

Que saiba, o Mal vem e se vê ou é exposto na intensão, e na acção.

Há quem se preocupe muito com as coisas / espaços ditos ''públicos', achando ''ai, é muito mau, estão ali crianças, não têm que ver aquilo'', no entanto pelos vistos não se horrorizam essas mesmas pessoas com a ideia de uma criança ver homens armados (para mais polícias..) mandar despir uma mulher, em público.



imagen: GFA
com base em figuras de desenho animado conhecidas






Que saiba,
uma criança que vê algo que lhe é diferente, pode ignorar a coisa porque estará mais interessada noutro assunto, ou fica a olhar - curiosa, para identificar e tentar entender o que está a ver, com os seus olhos de criança, os seus adultos encarregues, quanto muito, de explicar o que é, o que vê, que eventualmente lhe causa duvida ou estranheza.

As crianças educam-se.
Os adultos explicam, dentro de suas capacidades, com os conhecimentos e a justeza que possam ter.







Alguém teria coragem de mandar à Malala se despir, se ela for para a praia e se esquecer ou não lhe apetecer se vestir à ocidental?
Deixo aqui uma ligação, para um artigo que pode explicar a razão que faço esta pergunta, caso aquém tenha interesse em ler, com uma entrevista feita antes dela receber o Nobel da Paz, (embora seja do mesmo ano), tendo ela na altura (2013) desaseis anosLINK  

Se o fizer, por qualquer motivo que me ultrapassa, fá-lo-ão num espaço público, com crianças a ver?
Isso é educar?




Há burqas utilizadas por terroristas que como ocidental, sei identificar à distancia, quando se trajem com as vestes que lhes identifica. O problema é que é quando despidos dessas burqas, é que a coisa fica mais perigosa. Os KKK, neste caso, só usam as vestes, em paradas, por exemplo. Quando praticam o Mal, é sem essas farpelas que o fazem. 
Em criança aprendi o que eram e a indumentária que lhes identificava. Como não circulavam, onde estava, em espaços públicos ou onde quer que fosse, a única vez que me recordo ser útil saber muito bem identificar a indumentária especifica desses ◄ (sim, que um lençol, em si, que se pode pôr pela cabeça abaixo, para se passear por casa a fazer de fantasminha para assustar família e amigos, é uma burqa semelhante, mas diferente - não só pela ausência de dois buraquinhos)
►foi quando houve uma grande azáfama em torno de uma lavandaria de uma cidade perto de onde morava, que nunca dessa praga sofrerá antes, onde se descobriu lençóis com furinhos daqueles..
A coisa acabou logo ali, não fosse a infecção se espalhar....Não se foi atrás dos donos de todos os lençóis, só daqueles.



Se um miúdo meu fizesse dois buracos num lençol, para se passear pela casa fazendo rugidos de ''OOOOooOOOooO'', não perderia a cabeça, apenas, se confusa estivesse quanto à sua intensão, lhe explicaria o que é o símbolo especifico de um lençol com dois furinhos, caso me irritasse e não outra coisa.  Explicar-lhe-ia que o poderia confundir e julgar mal, não fosse ele achar que ralharia por se ter dado cabo de um lençol e não o poder voltar a usar como roupa de cama.
Contudo, a ideia de uma criança, ou mesmo um crescido, colocar um lençol pela cabeça abaixo para se passear pela casa dizendo ''OOOOoooOOOooo'', não sei se é irritação que me causaria.... 



(E a ideia, a troco de um mal entendido desses ser a oportunidade de o expor a certo assunto, causa-me alguma urticária, confesso) 












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~Se me perguntarem, a resposta é - Não, não gosto de burqas e afins.
Não aprecio a razão de existirem, embora respeite quem assim se sente mais confortável com o corpo,
no caso das que dizem
assim poder sentir
que assim são mais facilmente avaliadas pelo trabalho e a obra que fazem.
Não respeito quem,
homem ou mulher, o imponha a outra pessoa que não eles próprios.
Há quem, possa confundir um Hijab, Niqab, Burqa, Al-Amira e o recém criado ''Burquini'', e eu entendo isso, pois mesmo não sendo muçulmana vejo que têm todos um denominador comum, um certo apagamento do corpo, das suas formas.


E, apesar de entender aquela miúda no inicio desta publicação que se tapava nos primeiros anos de adolescência, e a defender, sinto alívio quando essa menina não muito mais tarde sentia que se podia destapar, sentindo-o por ela mesma.
Claro que também terá dado alívio esse destapar, à sua família e outros entes queridos, só que tinha de vir dela,

não é?
Ainda em sua adolescência, embora mais tarde, conseguindo sentir a alegria de não querer saber se olham ou não olham, se desejam ou não desejam, se é impactante ou não o é, que se não valorizarem a mente e alma, mesmo ultrapassando, e apesar de, seu corpo, então não merecem um segundo olhar no sentido que fosse.., é uma conquista que não se transmite em segunda mão. Pode-se educar para isso, mas não chega.
É algo que para ser real, tem de se sentir e atingir bem no amago da alma do Ser.
























Imagem:
são tantas as imagens semelhantes desta estatua, ao pôr do sol, que não sei como nomear o autor verdadeiro desta.
















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Sou ocidental, quando vi o reportar de mulheres tapadas de burkas

(não muito diferente dos Minonites e Amish, no ocidente, diga-se de passagem, que mesmo as crianças são tapadas até aos tornozelos e mãozinhas, ficando só um bocadinho das carinhas de fora, mas vêem-se os olhinhos (isso é verdade), ou frades, freiras - LINK todos tapados, os médicos e enfermeiros que já não são tapados como de outrora, mas... E o porquê das coisas?
Com outro tipo de motivação, uma criança ocidental que se tapa como no início refiro, e o porquê desses casos..?)

► e vi,
que a causa não era de usarem uma ''burqa'' que tapa, mas sim porque alguém diz algo sobre ela, que diz que se diz algo sobre ela, porque se vê os seus pés mexerem-se, porque se vê o contorno da orelha esquerda, porque se ouve a voz, et cetera..


Acho que a questão não é a de um sobretudo, mas sim, no caso dos Talibans,
seus pares análogos, quem aponta armas a uma mulher para que se dispa (se vista), para a punir e matar,  é o odio, é a intolerância, o odio
às mulheres.








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