Não posso, pelos vistos estamos numa ditadura, de forma oficial, declarada de forma clara pelo chefe de estado.
Como qualquer ditadorseco, convoca eleições "livres" -
(com "n" pessoas, comme d'habitude, a moralizar os que se abstêem, com as suas bolas de cristal como se adivinhassem a escolha dos que tal coisa fariam/fizeram. Eu por acaso, enchi-me de náuseas, enfiei o barrete com orelhitas de burro, e fui votar, feita idiota)
- para de seguida não aceitar o resultado, a vontade expressa pelo povo que se diz ser soberano. Fala-se de estabilidade e rejeita um governo de maioria, para indigitar um de minoria que sabe de ante-mão ir receber uma moção de censura, sem engano, dito de forma clara e professado ainda antes de eleições, reiterado após as mesmas. Não quer que lhe chamem de palhaço, não para defender a classe profissional para que não se sintam insultados, mas porque não esconde a sua natureza, débil e vaidosa, dictatorial, acusando formalmente pela via da justiça quem ousa lhe chamar "nomes". Não admira isto, vindo de quem mais tempo "regeu" Portugal, só ultrapassado por Oliveira Salazar que governou o país durante 56 anos, e Dom Dinís (O Rei Poeta / O Lavrador) cujo reino durou 46 anos e que no caso deste último, houve a desculpa de ter nascido para o cargo que ocupou nos séculos XIII e XIV, para além de ser poeta e ao contrário do bobo Silva, saber estar na corte e segurar num talher...
Dispensava, numa altura que me faz doer a alma, lembrar ainda mais o nome de uma música escrita por alguém que me está no coração. prefiro lembrar as músicas dele sem associação a tristes e patéticos episódios.
Tenho-a, em pauta e em versões gravadas em sexteto, quinteto, quarteto e em duetos..
"Portugal Triste Fado"
No lugar dela, coloco outra coisa, um fado transformado pelo arranjo do meu querido Carlos, num disco da Mísia, para me afagar a alma e tentar esquecer por momentos o que me agonia e se passa em terra Lusitana.
Ir votar é de facto, cada vez mais, uma palhaçada, e o fardo de me auto-intitular de imbecil pesa cada vez mais com cada acto de sufrágio, pela inconsequência do acto. Claro que enfiarei, deveras contrariada, motivada por pânico, o barrete com orelhitas de burra dentro de meses quando tiver de ir votar novamente, para a mesma finalidade que este último acto, cujo resultado o bobo não aceita, e mais uma vez para nada servirá, a não ser para me sentir ainda mais patética.
Faz lembrar os referendos nestas supostas democracias da UE que se obrigava a repetir até que os resultados agradassem aos que puxam os cordelinhos..
Nessa altura iremos estar num reinado Opus Dei, provavelmente, devido a outro acto de sufrágio, quer se queira quer não. Nem sei bem o porquê de se dizer que será através de um acto democrático / plebiscitário, num país que (cujo comando interno, e/ou externo..) desconhece o conceito. Quanto muito saberá segurar em talheres, para se distinguir de quem sucederá.
Triste sina.
Quero sair deste mês, já.
Tarde Longa -
fado tradicional, letra de Lídia Jorge, arranjo de Carlos Azevedo.
Mísia - voz
Carlos Azevedo - piano
(album release: November 2011 - Silène, Théâtre du Rond et Ulysse Film)
Tenho o disco, e vou-me embalar com algumas músicas que lá estão, assim como outras gravações com o meu querido Carlos a tocar, outros géneros musicais, com as suas criações, interpretações e arranjos, não substitui quem tanta falta me faz, mas aconchega-me.
♥
Votos para que estes dias que restam de Outubro não pesem a quem por aqui passar