Fico perplexa, a um nível que pensava difícil ficar ao deparar-me com o que representa e o que mostram os votos sobre a co-adopção (e o próprio acto de ir votar tal coisa que parece em nada, mesmo nada de nada ter em conta ou a ver com os 'Superiores Interesses Da Criança')
Ora, não quero acreditar que qualquer ser, minimamente pensante que seja, possa ficar bem consigo mesmo achando bem ou preferivel uma criança estar abandonada, em instituições, sem os seus adultos cuidadores, suas familias. Por isso, velos vistos, a questão só pode ser outra.
Ora, a questão é...
A questão só pode ser Sexual.
Só pode ser sexual, a sexualidade, o conceito que se tem do que é uma criança, do que é uma criança no seio de uma familia (tenha ela, a familia, a dimensão que tiver)
Não sei de vocês mas eu nunca tive, nunca tive mesmo quaisquer duvidas sobre a minha sexualidade.
Ora conheço, respeito e tenho profunda amizade a alguns que tenham tido tais duvidas, eu é que por acaso nunca tive.
Quando estive com o meu primeiro namorado, pela primeira vez e no calor do momento.., não,
ainda antes disso, quando comecei a sentir pelas primeiras vezes, na adolescência, aquelas hormonas todas num frenezim, bloqueando tudo que fosse pensamento ou racionalidade enquanto olhava para este ou aquele mocinho, a última coisinha que pensava era no papá na mamã.
Não. Não "aprendi" a minha sexualidade (se é que se pode dizer uma coisa destas) no seio da familia, é que nem pouco mais ou menos.
E mais, se em garotinha, tal como ocorria com os meus pares (miudagem), me fosse sequer sugerido contemplar, por um segundo que fosse, qualquer practica sexual dos meus progenitores, a resposta era um veemente e gigantesco "blhaque!!"
Bloqueio total.. blhaque.. (isso é com os pais dos outros. com os meus???!!)
O único caso onde tal "aprendizagem" (passando pelo papá e, ou a pela mamã) poderia ocorrer é no incesto.
Através, ou seja, com o papá ou a mamã, ou com ambos.. ora francamente.... Não, não cabe na cabecinha de ninguém a não ser que...
Bom..
Desculpem-me lá mas, mas parecem-me um bando de pedófilos!
Ora, se se pensa e vota assim, o que estão a dizer deles mesmos, de seu próprio pensamento ou experiência no alvorecer de suas vidas sexuais, da sua sexualidade?
Pensem um bocadinho, sim?
Sei que doi mas pensar faz bem e, não paga imosto (por enquanto). Com o habito deixa de ser doloroso e faz-se com relativa facilidade.
Façamos então um exercício..
Imaginemos dois corpos.
Encontram-se.
Os sentidos, todos num estado de alerta máxima e profundamente embriagados pela presença do Outro, em toda a pele sente-se uma electricidade que estala, prestes a encandescer a qualquer momento,
incendiando as próprias goticulas de transpiração que já correm não só nas mãos mas em todo o corpo. Os olhos, estes estão colados com uma força telúrica e uma intensidade que condiciona cada milimetro que se mexe , os ouvidos atentos, aptos para ouvir cada gesto, o faro a apanhar cada instante, acção, carregado de vontade e emoção, com avidez (capaz de destinguir o próprio movimento do sangue, quente, nas veias). Qualquer tentativa de vociferar resulta num movimento ténue da boca, sons guturais que não chegam sequer a conseguir formar uma silaba que seja. O respirar é profundo, cortado, com pausas. Denuncia, com interrupção de cada tentativa de formar verbos. Cada uma sufocada e estrangulada pela carga emotiva e o desejo do Outro.
E de repente, no meio de um silêncio medular, tocam-se.
Tinham-se passado apenas segundos, mas cada segundo era gigantesco, com dores como se de ressaca se tratasse, aquela sensação indescritível na base do estômago.., e nunca mais passavam.
No toque, o prazer da péle, a maciez do cabelo. O sabor e calor dos labios, braços, perna, anca, peito, pescoço, barriga, costas,
o respirar..
Deixa-se de saber onde começa e acaba o corpo de um e do outro.
Roupa rasgada, largada sem noção como nem onde.
Percorre-se e explora-se o mundo inteiro, cada corpo. Cada milimetro. Milimetro a milimetro.
A respiração, quente e humida, abrindo todos os poros por onde passa.
A vontade irresitível de levar ao rubro incandescente, o prazer absoluto, o outro.
Extases singulares, multiplos, e diversos. Fundem-se, percorrem-se, palmilham-se, bebem-se de toda a maneira e forma, repetidamente. Acaricia-se, saboreia-se, penetra-se, numa dança milenar de dois corpos sôfregamente apaixonados um pelo outro. Param por momentos, um descanso reparador, e retomam, amiúde, na tentativa de saciar a eterna carência que têm um pelo outro, Agora visualizem a mamã e o papá...
Pois.......
Onde é que isto se aprende?
Quem ensina?
Dois corpos geridos por, gerados para, não resistirem um ao outro de baixo do feitiço de um imã titânico inscrito no ADN.
Onde é que isto se aprende?
Bom, o que votaram os deputados na verdade? Vamos lá ver, ou, como se diz em estrangeiro - "cut the shit".
Só se pode justificar votarem assim, pondo em perigo, em causa, ou nas tintas estarem, para a protecção de menores da parte de quem no mundo os mais ama ou alguma vez os defenderia ou defenderá,
(como quaisquer adultos cuidadores que amam suas crianças o faz, obviamente, não é preciso ser-se pai ou mãe para tal saber. Todos temos crianças que amamos e defendemos com a vida, ou, em princípio, quando fomos crianças, tinhamos adultos com essa missão para connosco),
se se tiver medo de algo, algum comportamento "degenerado" ou "doença", e que a seus olhos se possa pegar. Portanto estamos a falar de uma coisa grave, bastante grave, cujo alcance mais longe que se ser homofóbico..
Para motivar e ir ao ponto de se achar que é preferivel uma criança não ter cuidador(es) adultos e estar à mercê do orfanato, do abandono, pensando perversamente que se aprende a sexualidade através dos adultos cuidadores (os pais, ou coisa que o valha)
é-me assustador.
Tenho medo, muito medo desta gente.
E só pode ser isto.
As outras coisas: cozinhar, dar banho, acordar, adormecer, embalar, ralhar por se roubar as ceroulas da avô do merceeiro, ajudar com os trabalhos da escola, pôr às cavalitas para ver o concerto, tirar a febre, limpar o nariz, as lágrimas, apanhar mentiras, massajar docemente um ouvido com otite até se poder sossegar, fazer o bolo de anos, limpar ranhos das blusas ou camisas após nos espirrarem em cima enquanto estão ao colo, tirar medos e temores, ler histórias para adormecer, esfregar a barriguinha porque doi, comprar sapatos, saia, peugas, fato de banho e barbatanas, mandar desenhar os últimos 3 gambuzinos que apanharam para poderem ganhar os trocos para darem a flor à vovó, aprenderem a andar, nadar, fazer pão, dançar com pezinhos no ar, fazerem um papagaio, jogarem à bisca lambida, canasta ou xadrez, cozer as calças rasgadas por terem caido do tricíclo, secar as lágrimas por causa do cão.., comprar o primeiro soutien, fazer cara de má/mau quando se esconde a dentadura do avô, verter lágrimas de felicidade quando a febre acaba, dar a mão..
Julgo já ter dito que chegue e julgo ser demasiadamente óbvio que tanto faz se ser homo, hetero, bi, tetra, penta, hexa ou multisexual para tais tarefas.
Portanto, senhores deputados e senhoras deputadas, na vossa experiência, no vosso mundo, a sexualidade se aprende, e aprende-se com..
Isto tem um nome.
Chama-se pedófilia.
(Mais que isso, é pedofilia incestuosa.)
Convenceram-me. Desta vez convenceram-me que tenho motivos ainda maiores para vos temer.
Mostraram-me que, enquanto envoltos no acto de cópula, que pensam e acham normal que se pense no papá ou na mamã (ou ambos, quiçá, já nada me admira) Não sabia.
E não, não quero ser mosquinha para ver o que se passa nas vossas casas, nas vossas cabeças, já me levaram a visualizar que chegue para me enojar durante várias vidas.
Gente pedófila e incestuosa, a moldarem o nosso mundo e futuro. Arcebispos, não sei se no mesmo dia se dias antes, no país vizinho, a dizer que se pode e que se deve praticar sexo oral sempre que pedido, pelo marido (é assim que *reza a história, mencionando apenas o marido), se se pensar (não, não é no pareceiro mas em..)
se se pensar em Jesus...........
(não sei se com espinhos, se em menino sobre as palhinhas, se na última ceia, se..), ainda se promoverá à conta disto uma marca de bananas com o nome do Senhor, por motivos vários..
Que tempos, estes.
Não vão ao psi, não.
Tenho dito.
Les enfants de la Place Herbert - photograph by Robert Doisneau, 1957 |
Le dent - photograph by Robert Doisneau, 1956 |
Bois de Boulogne - photograph by Robert Doisneau, 1950 |
La voiture fondue - photograph by Robert Doisneau, 1944 |
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